Inglaterra, 1799. Em um laboratório de uma universidade, um
cientista e seu assistente examinam um recém chegado ornitorrinco empalhado.
- ... E então, o que o senhor acha que é isso?
- Hmmm... Bico aviforme, membranas interdigitais, ferrão
escondido, cauda achatada dorso-ventralmente... Eu acredito que isso só pode
ser...
- Um remanescente das criaturas pré-diluvianas, do tempo em
que - literal e figurativamente - gigantes caminhavam sobre a Terra?
- Por São Darwin, rapaz, não diga tolices! Somos cientistas!
Temos o dever, o prazer, a honra e a obrigação de banirmos estas crendices mitologísticas
despropositadas para o Limbo das Falácias Ignominiosas! E esse amontoado de
incongruências anatômicas aqui não deve ser nada mais do que um embuste criado
para se ganhar alguns trocados à custa da boa fé alheia.
- São Darwin? Mas ele ainda não foi canonizado, senhor.
- Ainda não? Mas que demora, não é mesmo?
- A canonização não é uma ciência exata, creio.
- Mas a zootomia, ao contrário da verdadeira natureza deste
espécime de procedência duvidosa, é!
- Porque o senhor acha que esta simpática criatura é, assim
como o Abominável Homem das Neves, o continente perdido de Atlântida e o motor
a vapor à prova de explosão, um embuste? Ele pode ser apenas um lusus naturae, ou seja, divertimento da
natureza.
- Oh, é mesmo? E por acaso a Mãe Natureza, que é mais
atarefada do que um bibliotecário com alergia a pó, pode arranjar tempo para se
divertir?
- Bem, seria um tanto estranho se ela praticasse a caça a
raposa, não? E a teoria de Charles Darwin sobre a sobrevivência do mais apto -
ou, nesse caso, mais bizarro – pode muito bem elucidar a funcionalidade dos
caracteres anatomorfuncionais do nosso amigo aqui, que...
- Anato... Mas esse termo nem existe!
- Mas funciona! E, da mesma forma como utilizamos diferentes
disciplinas como Calculística, Geomineração, Historigrafia, Animalística e
Herbotomia para unirmos todas elas e com isso conseguirmos criar ideias e novas
formas de conhecimento, esse desafio anato-lógico aqui conseguiu juntar
diferentes segmentos anatômicos para perseverar e sobreviver por milhões de
anos.
- Tem razão, rapaz. E sabe o que isso significa?
- Que ele... Não é um embuste, senhor?
- Significa que - supondo-se que não seja um embuste - esse
monstrinho... É UM MONSTRO! Imagine só uma coisinha pequena e atarracada como
esta ter sobrevivido por tanto tempo, talvez desde o tempo dos grandes lagartos.
Quem sabe até ele pode... Ter extinguido todos eles...
- Pode ser. Se bem que eu sempre imaginei que os grandes
lagartos haviam sido exterminados pelos dragões.
- Bobagem, rapaz. Se isso tivesse ocorrido, o que teria, por
sua vez, acabado de vez com os dragões?
- Morreram de fome, oras, já que comeram tudo o que havia
para comer e depois disso devoraram-se uns aos outros até que só sobrou um, que
morreu de fome, solidão e, provavelmente, remorso. De qualquer forma, é da
nossa natureza desvendar os segredos da Natureza. Temos de dar o nosso melhor
para levarmos os frutos da Árvore do Conhecimento para as gerações vindouras,
mesmo que elas não dêem importância a isso. Devemos suportar agruras como as que
Jó, Gilgamesh e Sísifo...
- Espere um pouco, assistente, estas pessoas que você citou
são lendárias.
- Exatamente, senhor. Para podermos levar o progresso real
adiante, temos de agir como personagens irreais. Irônico, não? E mesmo que
daqui a pouco tempo nossos esforços sejam ultrapassados pelas novas descobertas,
tornando-as tão obsoletas quanto um espirro contra um incêndio, não há problema
algum, já que fizemos a nossa parte. Certo, senhor?
- Err... Bem... Eu suponho que... Quer dizer, é claro, óbvio
que sim, entusiasmado mancebo!
- Demorou pra responder, senhor...
No deja de ser un animal muy extraño y supongo que en esa época debería de parecer mucho más extraño.
ResponderExcluirEl traductor me confundió un poco, pero pude interpretar bastante bien tu post.
Te dejo un fuerte abrazo, un placer leerte!
Acho que dragão deveria comer gente.
ResponderExcluirAssim os dragões estariam até os dias de hoje.
E gente não faz tanta falta. Tem de montão.
beijos!!
Olá guri de Pelotas!
ResponderExcluirGostei bastante, mas volto com calma para comentar, tá bom?
Abração e ótimas leituras!
Jacques, guri de Pelotas!
ResponderExcluirEntendi tantas coisas que acho que não entendi nada :)
Na seleção natural dos bons comentaristas, acho que quase estou em extinção, pela falta de concentração mesmo. Me senti esse pobre do ornitorrinco, bichinho esquisito esse, mas merece perpetuar a espécie.
Volto para ler, talvez tenha mais algo a dizer.
Abração e ótimos dias!
Oi Jacque,
ResponderExcluirUm texto bastante complexo confesso, mas muito interessante!
Abçs
Olá Jacques,
ResponderExcluirUm ornitorrinco é muito esquisito mesmo, talves a mãe natureza ou pai natureza tenha resolvido brincar mesmo, pico de pato e tantas detalhes que lembram uma ave, que na verdade é um mamífero,uma especie confusa de se explicar. Realmente este dialogo vai longe.
Olá amigo que maravilha ler mais um de seus posts. Beijinhos.
Jaques,
ResponderExcluirTudo bem? Vou te confessar que não sabia o quer era um ornitorrinco. Mas fui pesquisar e percebo um bicho mais que duvidoso e que nenhuma seleção natural vai extinguir, pois existem aos montes no nosso mundo.
Beijos.
ResponderExcluirOlá Jacques,
Sua postagem é bem útil para ajudar os pesquisadores a levarem adiante o fruto da Árvore do Conhecimento acerca deste estranho animal. Como é que ele pode ser ao mesmo tempo réptil, pássaro e mamífero? Não deve ter sido fácil para os pesquisadores decifrarem um animal como este. Poucos sabem a respeito ou o conhecem, mas se perguntarmos às crianças elas serão capazes de reconhecê-lo em razão dos desenhos animados. Meu sobrinho mesmo, de 4 anos, já me corrigiu quando eu peguei entre seus brinquedos uma réplica do esquisito animal e o nominei de outra forma-rsrsrs.
Meu abraço e, novamente, obrigada pelo atenção e carinho de sempre.
Ótimo final de semana.
Olá, nobre amigo Jacques!
ResponderExcluirRapaz, esse animal é, realmente, um prato cheio para um cientista neófito e questionador, pois é muito estranho, mesmo: pico de pato, corpo de castor e pés de roedor. Se um criança vir, dirá que a natureza errou projeto (rs).
A teoria para a extinção dos dinossauros é interessante e criativa.
Esses dois vão acabar se perdendo nessa pesquisa.
Sou fã do diálogo deles, pois, além de conter grande sabedoria, é sempre muito divertido.
Parabéns pelo tirocínio e obrigado pelo comentário gentil e inteligente no meu link!
Olá Jacques,
ResponderExcluirNão conhecia esse animalejo não, mas vejo que é bem estranho e com hábito bem anfibológico.Suas característica é bem estranha, não sei como chamaria esse bicho com bico de pato. É uma criatura bem simpática kkkk. Merece mais pesquisa!
Adorei amigo!
Obrigada pela postagem inteligente que sempre nos presenteia.Seus diálogos são de pura criatividade, sabedoria e inteligência.
Ótima semana!
Beijos!
O bicho tem bico de pato, põe ovos, os adultos não têm dentes, a fêmea não possui mamas, os machos têm esporões venenosos nas patas...
ResponderExcluirIsto não é mamífero e sim uma experiência científica mal sucedida de extraterrestres.
Eta coisinha esquisita.
Jacques! Trata-se de um animal fora de série. Bem como os seus textos de riqueza inteira. Abraço!
ResponderExcluirOi Jacques
ResponderExcluirNossa, esse texto fez parecer os textos da Lu Sta Rita, eu gastei os ticos e os tecos para entender, e mesmo assim kkkkkk, só sei que eu sou daqueles que ainda acreditam em Adão e Eva, mas tem muita coisa que não se encaixa, isso é verdade, os ossos de dinossauros encontrados são uns. Enfim, ótimo diálogo, como sempre.
Obrigada pelo carinho de sempre no meu blog!
Bjs. Fique com Deus!
Sua originalidade é incrível. Foi buscar um ornitorrinco para desenvolver mais um brilhante diálogo. Tadinho dele, tão estranho! Se ainda é incompreendido, merece análise mais profunda (rss). Que é meio desconhecido, logo se percebe. Os cientistas nem sempre conseguem respostas para as transformações que a natureza sofreu. E se perdem em considerações. Será que as gerações futuras ainda ouvirão falar do ornitorrinco??? Bjs.
ResponderExcluir
ResponderExcluirOlá!Boa noite
Jacques
Tudo bem? Comigo, tudo!
ontem, por coincidência, vi uma postagem no Facebook, onde tinha um casal,formado por um pato e uma capivara(?), gerando o ornitorinco
...a perda de tantos ornitorrincos das gerações
anteriores coloca nos sobreviventes o fardo de
se confrontarem com a escassez de conhecimentos
de grande parte dos cientistas atuais que
poderiam viabilizar a continuidade da família Ornitorrinco.Os
horizontes vão ficando mais restritos , o conhecimento quase nada, e as gerações futuras só vão ver mesmo ornitorrinco empalhado.
Boa semana!
Abraços
OI JAQUES!
ResponderExcluirUM DIÁLOGO SEMPRE DIVERTIDO, COM TEORIAS LEVANTADAS ENTRE OS DOIS, QUE ENRIQUECE O TEXTO E PRENDE O LEITOR.
MUITO BOM, AMIGO.
GRATA POR TUA IDA NO "SÓ PRA DIZER" FOI UM PRAZER TE RECEBER LÁ.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/ClickAQUI
Hehehe está provado que a natureza às vezes erra!
ResponderExcluir:)
Boa semana!!
Beijus,
Eu sempre achei que esse bicho estranho foi a fusão de pato, peixe e foca no big-ban... Mas é uma estória plausível essa, afinal são cientistas e eu somente uma pensante. Aliás nem acredito no big-ban pra ser sincera... Creio que foi um lapso da natureza, ou talvez uma "suruba" bestial que resultou nisso.
ResponderExcluirObrigada pelo seu carinho de sempre Jacques!
uma beijoka doce pra vc.
haha, mesmo sendo divertido é fácil perceber nesse dialogo uma questão que vivemos nos dias atuais, principalmente com o advento da internet, é tanta criatura estranha que dizem encontrar que agente já não sabe o que é real e o que mera montagem, invenção.
ResponderExcluirAbração
Boa tarde, Jacques ! Amigo seu texto reflete um dialogo interessante, e isso demonstra que precisa mais de pesquisas, que visam conhecer as especíes em geral. Em pleno no século 21, a clonagem entre animais já é possível.Mt bem alaborado seu dialogo.
ResponderExcluirBjs e uma ótima tarde.
Jacques
ResponderExcluirMenino inteligente.
Quem me dera pudesse ver esse ornitorrinco no zoológico.O diálogo com seu amigo sub me deixa muito intrigada.Será mesmo que os lagartos foram dizimados pelos dragões? Na semana passada fui ao Jardim Botânico e encontrei na beira do lago um filhote de lagarto, um pouco maior que a lagartixa.Sabe é muito pra minha cabeça entender a história desses monstrinhos, mas mesmo assim gosto de ler os seus diálogos.
Um lindo final de semana.
bjs
Olá Jacques!
ResponderExcluirCara, quer fundir meu tico e teco? Estou até agora pensando no que dizer...rsrsrsrsrs. De qualqeur forma, ainda acho engraçado porque sempre que comento sobre esse estranho animalzinho da natureza, muitos fazem cara de surpresa!
Abraços,
Flávio (Telinha)
Como sempre sua mente faz um apanhado de coisas que nos levam a refletir...gostei.
ResponderExcluirObrigada pela gentileza dos votos de felicidade no dia do meu aniversário.
Olá amigo, deixando o meu carinho.Beijos.
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ResponderExcluirPrezado Jacques,
Vim ver se havia novidades por aqui e aproveitei para ler os comentários sobre este divertido e inteligente diálogo.
Agradeço-lhe o carinho dos cumprimentos pelo meu níver bem como pela gentileza das visitas, que considero sempre bem vindas e importantes.
Grande abraço e ótima tarde de domingo.
Jacques,
ResponderExcluirEu fiquei pensando aqui, depois de ler o seu texto...
Será que somos fruto da sobrevivência dos mais aptos ou dos mais bizarros?
Bem, talvez sejamos uns MONSTROS e ao invés de extinguir os grandes lagartos, vamos mesmo é acabar com o mundo inteiro!
Um grande abraço, meu amigo!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirI MEU QUERIDO AMIGO
ResponderExcluirQue bicho é esse afinal? Muito bom esse seu texto.Boa Tarde! Ás vezes, estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino.
Um abraço
Ana