- Professor?
- Sim, Carlos?
- Na primeira questão o senhor pergunta “O Eviscerator, de
Robot Wars, dispara com sua arma uma carga cinética a velocidade de ...”. Se eu
não assisto Robot Wars, como é que eu vou responder a essa questão?
- Isso é irrelevante para poderes responder a questão,
Carlos.
- O que é irrelevante?
- É irrelevante o fato de assistires Robot Wars, Carlos.
- Não, professor, o que quer dizer “irrelevante”?
- Quer dizer algo tão importante quanto o namorado novo da
Britney Spears.
- Se é sem importância porque o senhor perguntou, então?
- Eu citei isso para contextualizar a prova, Carlos, trazendo
assuntos do interesse de vocês, alunos.
- Entendi...
- Muito bem, pode voltar a...
- Entendi que o senhor obrigar os alunos a assistirem
programas que eles não gostam apenas para poderem responder as questões das
suas provas. Bem que dizem que o poder corrompe...
- Não é nada disso, meu jovem. E eu nem assisto essa série,
só ouvi alguns alunos comentando sobre ela no corredor e...
- Se não conhece, como sabe que existe um personagem chamado
“Eviscerator”?
- Vi na internet, oras.
- Ué, mas não é o senhor que vive dizendo para procurarmos o
conhecimento nos livros e que internet é igual promessa de cunhado, que só se
acredita se quiser? Como é aquela frase mesmo? Cave...
- “Cave ab homine unius libre”. Cuidado com o homem de um só
livro. Exatamente.
- Aahhhh! Mas quando
nós alunos usamos a internet para procurar algo daí vocês professores nos
criticam!
- Fiz isso porque é mais fácil e...
- Mas o senhor não vive dizendo que o caminho do
conhecimento é mais difícil do que convencer o Iggy Pop a colocar uma camisa?
- Sim, eu só fiz isso porque não tenho nenhum livro sobre a
série, entendeu? E meu trabalho é fazer com que vocês alunos aprendam a pensar
por si mesmos e consigam diferenciar inteligência de sabedoria.
- Hmmm... E tem diferença, professor?
- Sim, Carlos; inteligência é uma pessoa saber montar uma
bomba atômica e sabedoria é uma pessoa se recusar a montá-la, pois ela sabe
que, cedo ou tarde, vai aparecer alguém louco ou burro o bastante para usá-la.
Entendeu?
- Ahn...
- Vou interpretar isso como um “sim”. Agora prossiga com sua
prova, sim?
- Mas eu não sei responder isso, professor! Na verdade, eu
nem sei escrever meu próprio nome direito. Eu até pedi pra fazerem um carimbo
com meu nome, mas acho que o deixei no bolso da outra calça...
- Você está de bermuda, Carlos.
- Ah, é...
- Vocês do F.U.N.D.Ã.O. (Facção Unida Nutrindo Desordem e
Anarquia Orgulhosamente) são fogo...
Realmente a prova não prova nada... nunca provou
ResponderExcluirhahaha, Essa foi boa Jacques.
ResponderExcluirEntender cabeça de professor é difícil às vezes. Mas como todo mundo um dia já foi aluno (ou ainda será), é quase uma obrigação perturbar ainda mais a cabeça dos coitados dos mestres.
Essa tarefa fica principalmente nas mãos do F.U.N.D.Ã.O. e eles a desempenham muito bem.
Tenha uma ótima sexta. Abraço.
Oi Jacques,
ResponderExcluirKkkkkkk..., dessa vez eu ri alto, numa gargalhada gostosa...!!
Professor sua a camisa... e os alunos colocam lenha na fogueira...,rs. Ah!, esse pessoal do fundão... Eu sei que sempre gostei de sentar nas primeiras carteiras, mas, haviam momentos em que eu ria das provocações dessa turma do fundão... Tempos bons, esse... Sim, coitados dos professores.
Beijos,
Concordo meramente. Apesar do diálogo apresentar algo além do que eu vou falar, a prova nunca provou nada, muitas pessoas que tiram notas ótimas em provas não apresentam conteúdo nenhum graças a bendita ''aba'' nos mais inteligentes. Enquanto a nota valer mais que o conhecimento, nosso país nao vai pra frente! Beijão! Att, Sabrina Gomes - (( Blog Spiderwebs < ))
ResponderExcluirNão é a prova que não tem valor, mas o que se deseja provar. Muitos "conhecimentos" tidos como indispensáveis não têm qualquer utilidade prática na vida. Ao observarmos as questões dos vestibulares, constatamos que muitas delas são feitas para reprovar. E nem os professores acertariam outras, pela forma com que são formuladas.
ResponderExcluirComo sempre, você foi ótimo na postagem.
Bjs.
Jacques,
ResponderExcluirguri de Pelotas!
Muuuuito bom!
Hummm....tudo muito relativo..., não sou da área de educação, mas sabemos que existem uma série de coisas que nunca usaremos em nossa vida, assim como outras, exemplo, a Física, que usaremos muito no dia-a-dia, seja a pessoa de que área for, pois são elementos de vivência.
Mais ótimo texto! Aqui sobre essa questão: provas... provar o quê? Mas se temos que provar um conhecimento adquirido formalmente, como seria possível isso?
Beijos!
Jac,
ResponderExcluirTudo bem? Rindo por aqui porque como sou professora me vejo em certas situações, como por exemplo, a questão serve para que, o que você quer que eu responda, etc. O que se prova é que estamos estudando pouco, em qualquer lado.
Beijos.
Lu
Ola Jacques,
ResponderExcluirPara começar sou professor e adorei o texto!
Depois rolei de rir aqui com a história do Iggy Pop sem camisa, e não é uma verdade?
Para finalizar, é o que costumo dizer sempre, a escola e a escolaridade apresentam ferramentas e treinamento, mas inteligência e sabedoria, só o próprio aluno pode desenvolver.
Esse texto estava ótimo para levar a algumas reuniões de pais e mestres!
Abraços, Flávio.
--> Blog Telinha Crítica <--
Olá, amigo Jacques!
ResponderExcluirEssa prova só comprova que a didática do professor está totalmente errada.
Não se assimila nada forçadamente. Prefiro muito mais o Professor Raimundo.
Seu texto é uma caricatura magistral de nosso sistema educacional.
Comparar o conhecimento da internet com a promessa do cunhado foi uma grande sacada.
Grande sátira, amigo!
Abraços!
Bom domingo, junto a sua mãe, ou ainda, se for casado, também, feliz Dia das Mães...!!
ResponderExcluirBeijos,
seguramente as inquirições desse miúdo do FUNDÃO deram mais a volta ao miolo do professor do que algumas equações de física ou teoremas da matemática. tudo ondas de um aprendente falsamente vagaroso.
ResponderExcluirabraço!
p.s. deteto por aqui aquilo que me parece ser uma maleita profissional: também eu adoro dar exemplos do mundo real, neste caso do meu benfica, para tornar o mundo literário e linguístico mais próximo dos alunos - o que obviamente não agrada aos de cor diferente da minha :) "Bem que dizem que o poder corrompe..." :)
AHahahhaah... muito bom! Provas não provam nada,mas esse aluno do fundão, apesar de não saber o nome, provou ter o germe do questionamento.. kkk
ResponderExcluirO aluno da história certamente é um dos mais inteligentes da turma, suas indagações comprovam isso, ainda que ele tenha acumulado pouco conhecimento sobre o que seria de fato "relevante". Penso que a curiosidade e a consequente indagação sejam as molas propulsoras do conhecimento, e pelo jeito o menino do fundão as tem em abundância...
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... pô, Jac! Esse aluno é daquele tipo 'osso duro de roer', né!? Penso que a prova é apenas uma das várias formas de avaliar e, se não for bem aplicada vira apenas um instrumento classificatório(e excludente) de avaliação. "Sacou"? rs...
ResponderExcluirPô, mas sobre o final, onde o garoto diz "Na verdade, eu nem sei escrever meu próprio nome direito."... é uma triste realidade, Jac... meninos e meninas que chegam ao nono ano(antiga oitava série) como analfabetos funcionais e muitos sabendo mal assinar seu próprio nome. Assim caminha a realidade de nossa educação. Tá, parei... sacomé, né!? Sou dessas que quando entra no assunto em questão, acaba viajannnnndo!
bjks :)
Oi Jacques,
ResponderExcluirLendo o dialogo lembrei de um amigo que estudava comigo.
Era igualzinho esse Carlos pra fazer perguntas na hora do teste, e deixar o professor constrangido. Só faltava ele quer também fazer um carimbo com o nome dele. Até que o nome pelo menos ele sabia escrever kkkkk.
Como professor as vezes sofrem ahahaha.
Adorei amigo!
Delicia ler esses seus dialogos.
Grande semana pra ti!
Beijosss
Meu caro Jacques!
ResponderExcluirNossa cara adorei o trecho em que menciona a disparidade existente entre a inteligência e a sabedoria, tem pessoas que não sabem distinguir uma coisa da outra. Perfeita aquela analogia da bomba, muito bom mesmo!
Grande abraço cara!
Anselmo
Ahhh, muito boa essa Jacques!
ResponderExcluirO tal aluno é apenas um filósofo, incipiente, Prof! Deixem o menino..kkkkkkkk...
Esse professor aí, apesar de parecer calmo, devia estar se "mordendo" de raiva. Mas , me fez lembrar o genial Chico Anisio: "- e o salário, ó...!!! rsss
Obrigada pela visita, Jacques, sempre tão esperada por mim!
Beijos!!
hahaha
ResponderExcluirEu era uma aluna mais ou menos assim como o Carlos, Jacques, questionava os professores tentando faze-los tropeçar em seus próprios conceitos, até enerva-los, meu professor de filosofia então, coitado sofria comigo. Que prazer ver alguém que sabia tudo no final não saber mais nem o que estava respondendo de tanta enrolação que eu aprontava hahaha
Prazer mórbido: Torturar professores, tadinhos!
E, o pior que eles ainda me adoravam rsrs
Vai ver que eram eles que me torturavam e eu nem percebia, ou percebia, queria ser torturadora como eles hahahaha.
Beijos, adorei o Carlos e a crônica!
Oi Jacques
ResponderExcluirVisitar seu blog é tudo de bom, eu já te disse e repito, vc é um dos caras mais criativos da blogosfera. Muito bom o diálogo, ri muito, e refleti também, porque, pensando bem, meu filho Daniel tirou umas notas vermelhas esse bimestre, e acho que peguei pesado com ele.
Bjos e uma ótima semana.
http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br/
Não vamos confundir inteligência com esperteza de malandragem.
ResponderExcluirBeijos!
Olá Jacques!
ResponderExcluirOlha eu já disse e digo de novo..adoro a forma como vc desenvolve os diálogos..são de um humor inteligente sensacional!
Eu sempre me surpreendo!
"
o caminho do conhecimento é mais difícil do que convencer o Iggy Pop a colocar uma camisa? "
ri muito nessa parte XD.
Olha..então eu falo que você precisa mesmo assistir A Pele que Habito. Não conheço muito as obras do Almódovar mas esse filme onde ele deu uma mudada no seus conceitos, teve um resultado excelente, deveras intrigante. É difícil de assistir por conta das surpresas chocantes que temos quase á todo o momento, bem como a crueza das cenas que o diretor não poupa.
Pra mim o Banderas éum ator bom, não dos meus preferidos, mas que tem talento.
bjs!!!
Oi Jacques! Não prova mesmo. Porém, ainda não inventaram coisa melhor para avaliar. Forte abraço!
ResponderExcluirConcordo, em parte que "a prova não prova nada, mas em certas ocasiões a prova é necessária, sim, porque avaliamos melhor o aluno e adoro aquele* que fica questionando, argumentando...é melhor do que o que "entra mudo e sai calado".
ResponderExcluirAdorei, eu te digo não conheci Machado de Assis e sei muito sobre as obras dele... ah, porque li muitaaaaas; o professor tá certo rs não é necessário ver* para saber sobre um certo assunto...Ah, eu sou a favor dos professores sempre e dos alunos que perguntam ...*
Esse foi um dos melhores diálogos que li aqui e vais achar q sempre discordo da maioria, é o "sistema...rs
Só falta o pessoal dizer que *Escola e o professor* são irrelevantes( sem nenhuma importância?)
O mundo está mudando, culpa da Internet...essa coisa q "estraga as crianças, pois elas levam uma pesquisa prontinha pra Escola, "copiam e imprimem, o pai até ajuda, e não sabem nem o que tá escrito ali, odeio e ñ aceito esse tipo de trabalho.
Abraço e um beijinho, desculpa qq coisa, e a Internet faz a gente escrever tudo errado...também. Falei!
Olá Jacques,
ResponderExcluirPassei pra dá mais uma lidinha na sua postagem, e olha que a segunda vez sempre é mais pegada do que a primeira kkk.
Esse Carlos não é burro, ele é malandro, e sabe como confudir o professor e tirar proveito disso. Gostei imenso foi texto mais comédia que li por aqui.
Desejo um ótimo fim de semana cheia de coisas especiais.
Grande abraço!
Beijos!
P.S:Tem postagem novas no meu blog, bora la conferir.